quarta-feira, setembro 06, 2006

Delicada Borboleta






Borboleta que acabou de sair do casulo
Transformação feita
Tento bater as novas e lindas asas frágeis
E consigo voar
Ao som do cello ao fundo

Mas uma parte importante ainda resiste em viver
Uma parte da vida anterior
Da vida antes do casulo

Eu insisto
Mesmo sentido que o sofrimento é meu
Não consigo voar tão alto
Algo me prende ainda às arvores
Ao cheiro do troco forte que me abrigou

Sei que tenho que voar cada vez mais alto
Entre as flores e folhas
Que cheiram a incenso de mirra e beijoim
Que me protegem, camuflada entre cores

Mas as asas ainda não têm tanta força
Nem a prática precisa
Pois foi a primeira vez que me tornei Borboleta
Delicadamente tento me fazer aprender
A me soltar do que me prende

Sonho com outros lugares
Jardins paradisíacos
Cheios de água, cheio de nova vida
Queria tanto poder me soltar
Para voar ao encontro desse jardim

E me dizem que só o tempo
Este ser não palpável desenha minha direção de vôo
Sou ansiosa
Sou apaixonada
Sou intensa
Sou uma tentativa esquecer o que já fui
Antes da transformação
Ou melhor,
Uma tentativa de juntar o que fui com o que me trasformei

E sinto sua falta para poder voar comigo
Ao encontro delicado deste jardim deslumbrante
Que me espera
Que me deseja, por eu ser uma Borboleta

Logo, logo estarei passeando e me enfeitiçando
Com toda a beleza de todas as flores e cores e pirilampos brilhantes
Eu sinto isso, dentro deste pequeno corpo renascido

7 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Rita querida!
Sempre passo por aqui "sorrateiramente" pra me deliciar com a tua escrita, sempre quis comentar e nunca o fiz por medo de parecer tola e olha que eu sou do tipo que fala muito.
É difícil achar palavras pra descrever as tuas palavras então me contento em apenas sorve-las.
Beijos e fica bem.
Taci...

07 setembro, 2006  
Blogger ANALUKAMINSKI PINTURAS said...

A mágica da transformação é , justamente, extrair o novo em nós, a partir do que restou do vivido, e do que ainda nem se inventou!...Para arriscar novos vôos, precisamos nos permitir ultrapassar o limite do mesmo, e atravessar o limiar que nos levará ao além de nós, do osso à alma de borboletas eternamente renascidas... Beijo.

07 setembro, 2006  
Anonymous Anônimo said...

Exuvia..

espere o momento ...
e voe...

lugares para ir..

acredite sempre..
eu nunca duvidei..

lith

07 setembro, 2006  
Blogger Cristiano Contreiras said...

Diante das transformações do ser, é inevitável o clamar pela nova vida que surge; que convida ao novo sentir.

bj

10 setembro, 2006  
Anonymous Anônimo said...

BOA VIAGEM.... QUE OS DEUSES SEJAM BENEVOLOS PARA CONTIGO E TE ACOMPANHEM HOJE E SEMPRE.

11 setembro, 2006  
Anonymous Anônimo said...

"Uma tentativa de juntar o que fui com o que me trasformei"...

Grata pela lição de vôo que
acabei de experienciar.

13 setembro, 2006  
Anonymous Anônimo said...

...foi borboleteando que resolvi passar por aqui mais uma vez, e mais de uma vez por aqui fiquei... minutos, e mais minutos, a ler e sentir.

Sua escrita tem cores e movimentos de borboleta, numa incessante e potente trans-form-ação.

De vez em quando/sempre passo por aqui.

bjs.

14 setembro, 2006  

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