quinta-feira, julho 17, 2008


Em março de 1993, tive meu primeiro contato com o perder, alguém que amo, em um acidente
Sem explicações o carro capotou logo após o pedágio
Até hoje não sei o que aconteceu
Mas recebi meu Pai para o funeral
Sou uma pessoa com grande dificuldade para perdas, talvez por isso sofram tantas
Mas lá estava ele
Deitei em seu peito pela última vez e fui embora quando muitos chegaram
Até hoje nos encontramos em sonhos

No domingo do dia 13 de julho, às 15h30min hs experimentei exatamente o que ele passou
Mas para minha surpresa
Eu poderia morrer, pois a tranqüilidade que senti, a calma, a certeza de que tudo estava bem me permitiu sentir que viver e morrer era isso: uma fagulha menor que um segundo
E que apesar de todos os medos que nos fazem acreditar, morrer é um suspiro de tranqüilidade

Mas não morri, saí do carro capotado preocupada com quem estava comigo e com o bando de pessoas que apareceram para ver se encontravam alguma tragédia cheia de sangue e horror
Um bando de pessoas, que não imagino de onde apareceram e depois desapareceram vieram sedentas
Como só o carro ficou acabado eles ficaram desolados e foram embora

Claro que um deles me mandou ir à igreja evangélica agradecer Jesus, pois eles estão em todos os lugares
Agradeci da minha forma e dentro da minha Fé
E me sinto plena

Hoje, depois de muitas vivências em torno da chamada morte ou da passagem para outro plano, sinto que morrer
Ou passar é um movimento normal, carregado do saber da obviedade do ato e principalmente muito tranqüilo – sem uma mulher horrorosa com sua foice
Mas sim um sorriso aquecido pelo sol e pelo entregar-se ao caminho ou jornada de todos nós

Tenho muitos projetos, sonhos e ainda não quero ir embora deste lugar que ainda me fascina
Mas já sei que quando for o momento irei sorrindo, desvendar o outro lado do Rio
E como sou curiosa ...