As Três Parcas Fiam .....
As Três Parcas fiam, dobram e cortam o fio da Vida ... uma na roca tecendo os dias, outra faz girar o fuso e fia o Destino e a última torna o Destino imutável, corta o fio medindo o comprimento da Vida e assim determina o momento de partir.
E a partir deste momento um novo destino se inicia ...
São tantos fios neste Labirinto sem Ariadne, tantas passagens para o outro Universo Desconhecido .... que na medida em que vamos andando por esta vida, nos damos conta da fragilidade que é não cortar este fio, a percepção da finitude embora infinita, nos mostra o quanto nada somos no comando dos dias ...
O sol bate forte e quente nos meus olhos esta manhã, me lembra que meu corpo sente, minha pele queima, minha alma me habita ... meu fio continua a ser tecido, mas até quando, eu não tenho o saber.
Então olho a rua, penso em possibilidades, deliro com prazeres, sonho com felicidades, encontro outros olhares, escuto outras palavras, descubro bobagens e descubro verdades que se desfazem com o tempo. Aproveito todo ar que vem a meu encontro, respiro fundo em êxtase e sei que meu fio será cortado em algum momento e aí poderei descobrir este outro mundo, dentro de mundos que estou a espera .... para também Viver outro fio, trabalhado por outro tipo de Parcas.
Minha alma habitará outro ser, de alguma espécie, de algum lugar no espaço tempo e profundidade ...e eu serei
Novamente serei
Por mais um novo tempo estarei vibrando pelo cosmo como outra, como outro, como nada ....mas estarei solta em algum vácuo em direção, a quem sabe onde ....
Tudo é frágil e passageiro, o fio da linha é fino e pode ser rompido com muita facilidade ... então o que resta, é sentir este milésimo de segundo profundamente, deixar-se ao som da música que toca no ar, mover os músculos deste corpo abrigo em direção aos dias ....
Até o final do fio .... passagem para,
10 Comments:
Lendo esta maravilha de texto, lembrei do tempo em que nós nos
conhecemos...falávamos sempre do Fio de Ariadne...lembra?...Suas palavras, hoje, me fizeram repensar que este corpo é finito, e junto com ele as pessoas que conhecemos, as emoções...e de tudo o que hoje existe, a que não quero pensar em um fim, é você.
Muito bonito o blog sempre passarei para ler e deixar um comentario, parabéns com carinho sua amiga Silvinha.
O Deus que cuida do
não-desperdício dos poetas
deu-me essa festa
de similitude
bateu-me no peito do meu amigo
encostou-me a ele
em atitude de verso beijo e umbigos,
extirpou de mim o exclusivo:
a solidão da bravura
a solidão do medo
a solidão da usura
a solidão da coragem
a solidão da bobagem
a solidão da virtude
a solidão da viagem
a solidão do erro
a solidão do sexo
a solidão do zelo
a solidão do nexo.
O Deus soprador de carmas
deu de eu ser parecida
Aparecida
santa
puta
criança
deu de me fazer
diferente
pra que eu provasse
da alegria
de ser igual a toda gente
Esse Deus deu coletivo
ao meu particular
sem eu nem reclamar
Foi Ele, o Deus da par-essência
O Deus da essência par.
Elisa Lucinda
Não consigo comentar...as lágrimas não deixam! beijos
Belíssimo texto, tecido de fios transparentes e delicados como os laços luminosos e quase invisíveis, entretanto duráveis, existentes entre seres que se descobrem finitos, infinitos, indefinidos... Abraço!
Que delícia te reencontrar assim, em palavras...os fios da vida, o destino, eu estive mais próxima do que é ser eu, do que é ser outra, do que é finito e do que é eterno, e tuas palavras só tornam tudo mais verdadeiro...
Meu eterno carinho
Nadja
Tuuudo o que eu precisava ler hoje, babe :)
Obrigada !!!! :)
Belíssimo texto!!
Lu Limeira
Sentia sua falta assim, na arquitetura das palavras que nos revela, mas não define. Nessa arquitetura, entre frestas e vãos, acho que posso adivinhar você. E guardo o bom que é isso. Bem-vinda!
Vera
Emocionante....
Rita, eu vim ver e ler tua coisas aqui, em um dos lados do front.
Um beijo
L éo To ma z
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