quarta-feira, janeiro 18, 2006

Vela que queima ao sabor do Cravo da Índia


Em meio a este deserto de alucinações, onde ventos incessantes me fazem ficar presa ao profundo do chão,
Quando consigo abrir os olhos vejo o que seria um oásis
Mas andando contra este vento que me empurra de volta, encontro um oásis cheio de sombras, seco e infértil ...
Olho para trás e novamente outro oásis, mais para a esquerda em longas caminhadas
E volto a lutar contra o vento, que tanto amo,
Neste oásis água gelada, visão distorcida de alguém mais ao fundo
Ando mais e mais ao encontro, de quem não vejo com precisão
Meus pés afundam na areia
O calor me sufoca e queima minha pele
Mas lá está quem não vejo
Pois quando abaixo a cabeça, para fugir do sol
Desapareceu ...
À noite o frio chega forte, e ao pé da fogueira acendo uma vela
Uma vela a quem não consigo ver claramente, mas sinto ao meu lado
Quero ouvir uma música,
Só tenho o som do vento e este vento fala, como todos os ventos
Canta aos meus ouvidos para segui-lo
E eu assustada me lembro de Ulisses ...... seria o vento uma sereia ?
Não sinto que seja
Coloco cravo da índia sob o calor da luz da vela
E o canto do vento aumenta
Se transforma em palavras claras
Frases inteiras .....
Me sinto zonza como depois do ópio
Sou parte daquela areia,
Sou parte do calor insuportável
Sou parte das minhas visões alucinantes
Dos oásis incompletos
Do frio que rasga a pele e me lembra a dor
Da lua que clareia cheia
Mas não sou o vento, nem sou a figura que vejo embaralhada e nunca consigo tocar
....................................................

Mas o vento conta novamente o que sempre vem me contando desde outros Tempos, incontáveis Tempos
Fixe o olhar
Olhe com verdade
Creia no que vê
Ou no que você, só você vê
E se entregue inteiramente a este desconhecido que te acompanha neste deserto
Siga o vento e se deixe abraçar por esta parte do todo
No momento em que se olharem
Vão se reconhecer e o que era deserto se tornara luz amarela como a chama da vela
Com cheiro de cravo da índia
E a vida se tornará o Tudo e o Todo

15 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Sem palavras...lindo, maravilhoso!! Beijos

18 janeiro, 2006  
Anonymous Anônimo said...

Ulalá... Me leva que eu vou!!!
Beijos
Arô

19 janeiro, 2006  
Anonymous Anônimo said...

uebaaaaa.....
legallegallegallegal....
beijobeijobeijobeijo....
(e a propósito tô fechando edição do JdP, caso queira etc., etc., etc...)
+ beijo
Eduardo

19 janeiro, 2006  
Blogger ANALUKAMINSKI PINTURAS said...

VEntos nos levam e trazem,
ventos de incertezas, sonhos, sensações... Ventos nas cabeleiras, nas águas e nuvens,
Ventos do desejo e da imprecisão...

Muito bonito o teu texto, sabes pintar com as palavras!

19 janeiro, 2006  
Anonymous Anônimo said...

Rita, gostei muito do teu blog, esse texto esta fantástico!! Sem dúvida alguma coisa dele vai me servir como tema à minha próxima meditação. Rsrsrs...
Sem dúvidas virei visitar muito mais vezes.
Um beijão!!

19 janeiro, 2006  
Anonymous Anônimo said...

Como não deixaria de ser...extremo bom gosto, que Madagascar Oriental seja meu porto seguro sempre que estiver à deriva. Muchos Besos

19 janeiro, 2006  
Anonymous Anônimo said...

Oi, Rita, bom demais tê-la de volta ao universo blogueiro, adorei sua nova casa e tudo.
Beijabrações
www.luizalbertomachado.com

20 janeiro, 2006  
Anonymous Anônimo said...

Olah.....finalmente consegui abrir....não tenho palavras pra agradecer pelo que este texto me proporcionou....muito, mas muito significativo....entrarei sempre que possivel tah??? Beijos com muito carinho...

20 janeiro, 2006  
Anonymous Anônimo said...

Olá Rita!!
Ameeeeei o seu blog!!!
Quanta saudade das suas belíssimas palavras!!
Que sua inspiração permaneça SEMPRE.
Um grande abraço.

Lu Limeira :)
(fã nº 1)

20 janeiro, 2006  
Anonymous Anônimo said...

Belas letras... e as sensações que elas evocam.

20 janeiro, 2006  
Blogger Marcelo Ariel said...

No deserto sonhei que estava no deserto e despertei com o canto da alma..ela era um pássaro do tamanho do céu..

20 janeiro, 2006  
Anonymous Anônimo said...

Oi Rita
Que aroma exalas
num concreto algo
revigora
algo desprende e atenua
insólito desejo
ardente chama
plana , paira transforma
na palidez da noite um vestido varre
a comprida estrada de estrelas
bem colocadas
esteiras de vida !
Bjs, virgínia f( de além mar)

22 janeiro, 2006  
Anonymous Anônimo said...

Adorável deserto de um lindo ser.
beijos

22 janeiro, 2006  
Anonymous Anônimo said...

Rita.
Um texto com esta marca, leve, bem delineado e de bom gosto, só pode vir de alguém muito especial.
Não te conheço, mas estarei visitando seu blog sempre que possível.
Fiquei muito comovida!
Afeto!
Denise Procópio

25 janeiro, 2006  
Anonymous Anônimo said...

Pôxa, parece que voce tem o dom...
sempre que não estou bem...
abro meu e-mail e lá vem mensagem sua.
brigadão e um super beijo !

09 fevereiro, 2006  

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